A pequena notável - Carmen Miranda

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Maria do Carmo Miranda da Cunha
Portuguesa de nascimento, Carmen Miranda foi criada na Lapa carioca, que nas décadas de 1910 e 1920 era um caldeirão cultural de artistas, malandros e gente de todo tipo. Aprendeu as gírias e expressões das rodas boêmias, suas favoritas, e criou um personagem que seria uma representação do século 20. Carmen foi a primeira artista multimídia do Brasil. Talentosa, não só cantava, dançava e atuava, mas sabia intuitivamente, transitar com desenvoltura pelo que viria a se tornar a indústria cultural.
Transformou-se num ícone das massas, ao mesmo tempo criando e sendo criada por esse novo mundo do entretenimento que se desenhava. Pioneira, foi a maior estrela do disco, do rádio, do cinema, dos teatros, da mídia e dos cassinos brasileiros. Única no movimento das mãos, quadris e no revirar dos olhos verdes, estilizou a baiana com badulaques, boca pintada de vermelho, sempre sorridente e tão imitada. Amada e parodiada em todos os cantos do mundo.
1944
Ela eternizou os mais importantes compositores de seu tempo da música brasileira, de Lamartine Babo a Ary Barroso e de Dorival Caymmi a Pixinguinha. Gostava de tango mas investiu na gravação de marchinhas de carnaval e sambas, que tratava de cantar à sua maneira, muitas vezes trocando a letra das músicas e acrescentando uma bossa própria, um jeito de sublinhar as palavras com seus muitos erres vibrantes.
    Pessoalmente vivia rodeada pela família e era muito querida pelos amigos. Não teve filhos mas foi uma mulher de grandes amores, namorou o atleta Mário Cunha, o industrial Carlos Alberto da Rocha Faria, o músico Aloysio de Oliveira e David Sebastian, o único com quem se casou.

Carmen Miranda e seu marido David Sebastian - 1947
Protagonista de uma grande carreira Carmen conseguiu uma projeção internacional como nenhuma outra artista do país, primeiro na Argentina, outros países da América Latina, Estados Unidos, Europa e em todo o mundo. Até hoje Carmen é a única latino-americana a gravar as mãos e os pés na calçada da fama de Los Angeles.
    Nos Estados Unidos cantou em português para um público que não entendia uma palavra do que ela dizia e foi alvo de polêmicas e controvérsias.
    No cinema americano teve a imagem atrelada à caricatura da mulher latina, ciúmenta, irritada, de sotaque carregado e exagerado, que era incentivado pelos produtores americanos, ainda que Carmen falasse o inglês muito bem.
    Do lado brasileiro foi acusada de ser instrumento da estratégia americana de boa vizinhança com os países latino-americanos antes da Segunda Guerra e também de servir ao populismo de Getúlio Vargas. Acusavam-na ainda de acentuar os estereótipos do Brasil, de rebuscar os gestos, de “americanizar-se”. Massacrada por inúmeros compromissos de trabalho, pílulas para dormir e pela vida de Hollywood, morreu na madrugada de 5 de agosto de 1955, após a gravação de um programa de televisão em Los Angeles com apenas 46 anos.

1940's
  • Moda:
Carmen Miranda nunca seguiu a moda, usava o que favorecia seu visual no palco e seu tipo físico. As plataformas de 20cm e os turbantes tropicais davam-lhe um pouco mais de altura pois tinha apenas 1,52 de altura. Sentava à maquina de costura para criar pensando apenas nela mesma. 

“Se as mulheres, depois resolvem me copiar, tudo bem. Nada tenho contra – até gosto.”

A máquina de costura era como uma grande amiga, ficava bordando até de madrugada.
"É uma verdadeira terapia, acalma meus nervos. Se me sentar à máquin, já com um vestido bem bolado sou a criatura mais feliz do mundo."

Ainda adolescente, empregou-se em lojas. Ajudava com a decoração das vitrines, atendia no balcão, trabalhava na costura, bordados e na fabricação de chapéus com a contramestra Madame Boss. Aprendizado que mais tarde seria muito bem aproveitado nos shows e filmes. Carmen criava as roupas que usava, eventualmente com ajuda dos figurinistas dos estúdios de Hollywood, também preferia bijuterias a jóias, usava muitas pulseiras e colares de cores estabelecendo tendências.
Por volta de 1933/1934 já lançava a moda dos casaquinhos e encomendava a um sapateiro do Catete as primeiras plataformas da história.


1947
A imagem da baiana estilizada já havia sido esboçada pela artista no famoso Cassino da Urca, mas foi Dorival Caymmi que a ajudou a levar a popular personagem do carnaval brasileiro para o show business internacional. Carmen tirou a ideia emprestada dos trajes das baianas que usavam cestas com frutas na cabeça. A fantasia repleta de balangandãs é minuciosamente descrita no samba O que é que a baiana tem que apareceu no musical Banana da Terra, de Ruy Costa em 1938.
    No livro Cancioneiro da Bahia, Caymmi explica que balangandãs são uma penca de objetos de devoção, em prata e ouro, usados pelas baianas autênticas de partido alto nas grandes festas populares da Bahia. A Pequena Notável criou uma identidade bem brasileira, sensual, fascinante e colorida. Nos Estados Unidos, inspirou chapeleiros internacionais, vitrines na Quinta Avenida e mulheres de todos os tipos. Diziam até que ela havia desbancado costureiros franceses como Dior e Chanel.

  • Cinema:
Carmen Miranda não se limitou à música, realizava diversas apresentações em festas, teatros e festivais e rapidamente foi convidada para fazer as aberturas das projeções de filmes de Hollywood no Cine-Teatro Broadway.
    Em março de 1932 aconteceu a primeira aparição de Carmen no cinema com O Carnaval cantado de 1932, o filme foi produzido pela Vital Ramos de Castro e equipe da Cinédia, mas os registros foram perdidos. Carmen Miranda participou de 20 filmes produzidos pela Cinédia, Sonofilmes, 20th Centrury Fox, United Artists, MGM e Paramount. Contracenou com os mais importantes atores do Brasil e dos Estados unidos, de Oscarito a Jerry Lewis.


1940's
  • Curiosidades:
  • Aos 15 anos Carmem trabalhou em uma loja de chapéus.
  • Carmen Miranda alcançou um sucesso tão grande nos Estados Unidos que chegou a ser a estrela mais bem paga de Hollywood.
  • Em seu retorno ao Brasil, em 1940, fez um show no Cassino da Urca e foi recebida com indiferença e frieza. O episódio motivou-a a encomendar uma música nascendo assim um grande sucesso Disseram que Voltei Americanizada.
  • Carmen Miranda tinha coleção de plataformas e calçava 34.
  • Em 5 de agosto de 1955 morreu vítima de um ataque cardíaco.
1939

Fontes e inspirações: CarmenMiranda/GuiadosCuriosos

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